Reconstrução para ganho ósseo em volume horizontal nas regiões dos elementos 11, 12 e 21, com analise clínica, histológica e tomográfica

A busca constante por soluções para correção de defeitos ósseos, possibilitando a reabilitação com restaurações implanto suportadas, tornou- se comum na prática da Implantodontia, segundo Schwarz et al 2017. A possibilidade reconstrução parcial ou total da maxila e da mandíbula, bem como, das áreas doadoras, são avaliadas de acordo com a disponibilidade de osso viável, do planejamento reabilitador e do estado geral de saúde do paciente (Benic et al 2015). Para Cho et al 1998, atualmente, a utilização dos enxertos ósseos, é amplamente discutida, principalmente em relação a suas diversas origens, sendo elas autógena, homóloga, heterogênea e sintética, onde por sua vez, o osso de origem autógena, é considerado o padrão ouro, por suas caracteristicas como capacidade ostegênica, osteocondutora e menor resposta imune específica.

A observação de serias desvantagens no uso do enxerto autógeno, por sua disponibilidade, onde, a sua complexa técnica de remoção em áreas tanto intra como extra-bucal, desencadeia uma serie de aspectos que aumentam a morbidade dos procedimentos cirúrgicos, o que leva a busca por opções de outras origens, como por exemplo, o osso de origem homologa, sendo associado ou não a utilização de osso de origem heterogênea ou sintética, ou simplesmente pela utilização do osso de origem heterogênea em aplicação direta para Encarnação et al 2011.

A intenção desse relato de caso é fornecer informações clinicas relevantes na utilização do bloco ósseo heterogêneo em substituição ao osso autógeno no ganho de volume para seguida reabilitação implanto suportada em região de maxila anterior.

RELATO DE CASO

Paciente JASF, 50 anos de idade, apresenta perda dos elementos dentários 11, 12 e 21. Foram solicitados exames complementares e nenhuma alteração foi observada.

Após analise inicial em Tomografia Computadorizada, tipo Cone Bean. Durante a analise, verificamos a necessidade do ganho de volume em espessura óssea em função do defeito ósseo local.

Como opção, foi realizado a colocação de 2 blocos ósseos de origem heterogénea de 10X10X5mm (Lumina Bloco Poroso da Critéria Biomateriais, Brasil). Foram prescritos 2g de amoxicilina no pré-operatório, juntamente com 4mg de dexa-metasona, ambos 1 hora antes do procedimento cirúrgico, como elemento profilático pré-operatório.

Procedeu-se à antissepcia extra-oral com clorexidina 2%. Realizamos técnica anestésica infiltrativa com sal anestésico articaina (diluição de 100.000:1), incisões relaxantes em formato de trapézio com base invertida com acessos nas regiões dos elementos 13 e 23 e crista entre 13 e 22, seguido de divulsão, descolando todo o retalho.

 

Após, realizamos o preparo dos dois blocos, com broca multi-laminada maxi-cute em redutor 1:1, a 1400 RPM, para modelação de acordo com a base do leito receptor, preparando a área receptora com a descorticalização, utilizando broca multi-laminada 701, realizando ranhuras e perfurações na área receptora, com a intenção de causar sangramento para nutrição.

Foi realizada a perfuração do bloco antes da instalação no leito, com fresa helicoidal de 1,3mm de espessura, instalada em chave manual, transpassando totalmente ambos os blocos, sendo colocado 1 bloco na região de 11 e 12, mais um bloco na região do 21, e imediatamente inserindo ambos os blocos com 01 parafuso de fixação cada, de tamanho 1,5X9mm (Titanium Fix, Brasil), manualmente no eixo de 90 graus (perpendicular) do bloco no sentindo do leito. Foi realizado o preenchimento de espaços entre os blocos e o leito receptor com osso particulado de origem heterogênea (Lumina bone Porous granulação small da Critéria Biomateriais, Brasil), recobrindo totalmente o enxerto com membrana de colágeno de 2X20X10mm (Lumina Coat Double Time da Critéria Biomateriais, Brasil).

 Realizamos a sutura utilizando fio de sutura 4-0 vicryl poliglactina (ETHICON), em técnica continua, após, realizamos a confecção de provisórios com resina bisacrilica (Structor VOCO) utilizado mockup realizado previamente, durante o planejamento cirúrgico e cimentando nos pilares realizados com preparo protético nos elementos 13 e 22. Realizamos analises pós- operatórias após 3, 7, 15, 30, 60 dias. Solicitamos nova tomada tomográfica com 180 e 360 dias.

Realizamos a reabertura com 360 dias após a primeira intervenção, foram prescritos 2g de amoxicilina no pré-operatório, juntamente com 4mg de dexa-metasona, ambos 1 hora antes do procedimento cirúrgico, como elemento profilático pré-operatório. Procedeu-se à antissepsia extra-oral com clorexidina 2%. A anestesia utilizando técnica infiltrativa com sal anestésico articaína (diluição 100.000:1) , fresagem seguindo a sequencia de brocas lança de 2mm de espessura utilizando redutor de 20:1 a 1100 RPM, helicoidal de 2mm, 2,5mm, 2,8 mm, com o mesmo redutos a 750 RPM, seguindo com a instalação de implantes Black Fix 10X3,5mm (Titanium Fix, Brasil) nas regiões de 12 e 21 a 24 RPM, obtendo torque de 40N e 45N respectivamente. Realizamos trefinagem na região do 21 com trefina coletora de 18X2mm, com redutor de 20:1 com 250 RPM, removendo assim fragmento de 2X10mm e armazenando o fragmento em solução de formol, imediatamente enviado para analise histológica. Realizamos nova sutura em técnica continua com fio de sutura 4-0 de seda (Seda-silk ETHICON).

Instalamos novas coroas provisórios unidas utilizando técnica de mockup previamente realizado no planejamento cirúrgico com resina bisacrilica (Structor VOCO) com fixação nos pilares preparados nos elementos 13 e 22. Realizamos analises pós-operatória após 3, 7, 15, 30 e 60 dias. Após 180 dias realizamos nova tomada tomográfica, foram prescritos 2g de amoxicilina no pré-operatório, juntamente com 4mg de dexa- metasona, ambos 1 hora antes do procedimento cirúrgico, como elemento profilático pré-operatório.

Procedeu-se à antissepsia extra-oral com clorexidina 2%, anestesia infiltrativa com sal anestésico Lidocaína diluição 100.000:1 (DFL) e seguimos com a reabertura dos implantes com incisão circular exatamente na região dos implantes 12 e 21, com instalação de pilares transferentes protéticos para moldagem de transferencia, e confecção de pilares anatômicos personalizados com Uclas com base CrNi (Titanium Fix, Brasil), e posterior inserção de coroas confeccionadas metalo-cerâmicas nos elementos 11, 12, 21, e Coroas em cerâmicas fedelspática nos elementos 13, 22 e 23.

 

 

Bibliografia

Schwarz F, Mihatovic I, Ghanaati S, Becker J. Performance and safety of collagenated xenogeneic bone block for lateral alveolar ridge augmentation and staged implant placement. A monocenter, prospective single-arm clinical study. Clin. Oral Impl. Res. 00, 2016, 1–7 doi: 10.1111/clr.12902
Goran I. Benic, Daniel S. Thoma, Fernando Muñoz,Ignacio Sanz Martin, Ronald E. Jung, Christoph H. F. Hammerle: Guided bone regeneration of peri-implant defects with particulated and block xenogenic bone substitutes, Clin. Oral Impl. Res. 27, 2016 / 567–576

Cho K-S, Choi S-H, Han K-H, Chai J-k, Wikesjõ UME, Kim, C-K, Alveolar bone formation at dental implant dehiscense defects following guided bone regeneration and xenogenic freeze-dried demineralized bone matrix. Clin Oral Impl res 1998: 9: 419-428. Munksgaard 1998.
Encarnação IC • Bullen CEM • Luna MDP • Pereira Neto ARL • Coredero EB • Magini RS REVISTA IMPLANTNEWS 2011;8(2):201-5